Subject: Fwd: "missões de resgate" da Liga...
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Data: 7 de Março de 2010 03:45
Assunto: "missões de resgate" da Liga...
Para:
Na Guiné-Bissau, tal como todas as anteriores, a 5ª Missão de "Resgate de Corpos" – ontem concluída –, esteve sob total e exclusiva responsabilidade da Liga dos Combatentes, cuja direcção-central continua a ser presidida pelo tenente-general Joaquim Chito Rodrigues.
Ora, a equipa de arqueólogos, desde início coordenada pela antropóloga forense Eugénia Cunha [que em tempo pretendeu executar testes de ADN aos restos mortais do Rei Dom Afonso Henriques... !], contratada que foi por aquele Liga – e ressarcida por dinheiros públicos –, obviamente só fez o que lhe mandaram fazer.
E que disse, no pretérito 18 de Fevereiro – dias antes de viajar novamente "para o terreno" –, a referida antropóloga-chefe?:
1. – «Disse à Agência Lusa que esta quinta missão que realiza na Guiné-Bissau para resgate de corpos torna-se mais complexa do que as anteriores por se tratar de uma vala comum e não se saber como nela foram depositados os corpos. “É uma incógnita”, referiu, afirmando que nesta vala em Cheche devem estar “não mais de 15 ou 17” corpos, de acordo com testemunhos recolhidos. Em Novembro de 2009 foi realizada uma prospeção geofísica no local onde agora será escavada a vala, que poderá trazer outras surpresas em termos de conservação, por se encontrar numa zona húmida próxima do rio Corubal.»
E que disse, também no mesmo dia 18, o supra mencionado oficial-general?:
2 – «No entendimento do general Chito Rodrigues, na zona de Cheche poderão encontrar-se “oito ou nove” restos mortais, porque se trata de uma zona junto ao rio, cujas margens são hoje diferentes, tendo sofrido o efeito da erosão ao longo dos anos, e por essa razão alguns poderão já ter-se perdido.»
E que mais ficámos a saber, também naquele dia 18, pela voz da mediática antropóloga?:
3. – «Eugénia Cunha disse que esta poderá ser a última missão que realiza na Guiné-Bissau se não forem identificados outros locais onde se encontrem restos mortais de combatentes».
Porém, quanto a perplexidades e incongruências, não ficamos por aqui.
Leiam-se outras tantas, anteriores:
A. – Em 03Abr2009, portanto, há quase um ano e por intermédio do jornal DN, ficámos a saber que o coronel Sebastião Afonso Ribeiro Goulão, «chefe da equipa da LC e responsável pela segurança dos antropólogos [...], adiantou que "foi também localizada a zona da margem do rio Corubal onde, possivelmente, está uma vala comum com [mais] 45 corpos" de combatentes lusos. Mas "por falta de segurança, não fizemos um investigação" aprofundada.»
B. – Naquele mesmo dia e por intermédio do portal UTW, também ficámos a saber que a ilustre Liga dos Combatentes foi publicamente interpelada, no sentido de explicar «detalhadamente, qual o motivo pelo qual se vêm lançar, por intermédio da imprensa escrita, infundadas expectativas às famílias dos malogrados militares que pereceram no dia 6 de Fevereiro de 1969», sendo certo que «tanto quanto é de conhecimento público, mas muito especialmente das entidades oficiais que ao tempo [06Fev69 e período imediatamente subsequente] trataram do assunto 'in loco', como em particular a informação veiculada aos familiares dos militares mortos por afogamento na travessia do Corubal junto ao Cheche, cada um dos "47 corpos" foi - e continua a estar - dado como "não recuperado"».
C. – Ora, entre 16 e 21 do recente Novembro, e sem que entretanto a direcção-central da Liga houvesse prestado os devidos esclarecimentos públicos, junto à margem norte de um troço não identificado do Corubal – por onde o técnico Helder Hermosilha, sustentado em "lendas e narrativas" de autoria dos actuais poderes (de cá e de lá), andou a passear o seu geo-radar em busca de... [salvo o devido respeito!] ... gambozinos? –, segundo o relatório final daquela "4ª Missão de Resgate", «foi realizada a identificação de um local de inumação de algumas das vítimas no Che-Che».
D. – Por último, mas não o menos importante, em 02Mar2010 somos informados, por intermédio do blogueforanada dos "Camaradas da Guiné": «poderá ser a última missão que realiza na Guiné-Bissau se não forem identificados outros locais onde se encontrem restos mortais de combatentes»?!
Então, e os restos mortais dos 20 [vinte] militares de recrutamento metropolitano, que ficaram sepultados nos cemitérios de Bafatá e de Bambadinca??!!
Posto o que nos resta tristemente confirmar, que a actual direcção-central da Liga dos Combatentes persiste: em desrespeitar a memória dos mortos; em manipular o luto dos vivos, muito especialmente os familiares dos militares que morreram no cumprimento do dever; e em "gozar c'a tropa"... significada nos veteranos camaradas-de-armas, tanto directos como indirectos.
Em resumo, além da notória exorbitância de funções já demontrada em antecedentes e variadas circunstâncias, o actual presidente da Liga dos Combatentes prevarica quanto ao 'munus' daquela instituição, singularmente representado no objectivo estatutário: «Honrar os Mortos, Cuidar dos Vivos».
Por tudo quanto antecede, e muito mais, sugiro que os veteranos de guerra e suas famílias, mas muito particularmente os associados daquele vetusta e nobre Instituição de Utilidade Pública, se pronunciem publicamente e por todos os meios que entendam adequados, no sentido de ser levada a efeito uma expedita «Missão de Resgate da Liga».
Cordialmente,
(um associado, e activo colaborador, que foi, da Liga dos Combatentes, entre 01Jan1994 e 02Jul2007)
--
F. Palma
Com a devida vénia, publica-se a «transcrição de email do autor, sendo o seu texto da sua inteira responsabilidade».
Publicado por Pereira da Costa, ex-Fur Mil Oper Info (CIOE1968), da CCS/BART 2857 e Administrador deste Blogue.
«É com muita tristeza e muita raiva, e com o desespero de não ter força e poder para resolver definitivamente este problema «trazer para a sua Pátria, para o seio das suas famílias todos aqueles que ao serviço da mesma perderam a vida numa Guerra para onde foram levados, nunca foram ouvidos e muito menos questionados»
Haverão ainda por aí arautos advogando as razões dos interesses em causa e os Senhores Mandadores ...
Hoje jovens portugueses continuam a ser enviados para missões no estrangeiro, de alto risco (dantes não o eram!!), onde também se morre; porém em nome de quê?
Não sou saudosista.
Mas choca-me ver tanta gente que sofreu, nos melhores anos da sua juventude, perigos, dificuldades, horrores, foram despojados de parte dos seus corpos, ganharam doenças psicológicas, infernizaram as suas vidas, das suas mulheres, dos filhos e familiares que, se fossem todos contados envergonhariam este país.
Muitos deles, ainda vivos, desde há trinta ou mais anos não têm qualquer apoio médico devidamente vocacionado para os seus problemas psicológicos, nunca tiveram meios de subsistência, - respeito pela sua condição humana - de quem de direito o seu País.
Então, perguntar-se-á, por que havemos de nos preocupar com aqueles que já estão cadáveres? Para quê gastar dinheiro? Antes, sim, em missões de PAZ ?!!!!
Está na hora daqueles que tanto escrevem em blogues, ganham dinheiro com publicação de livros, por vezes, sem serem da sua autoria, de levantarem as suas vozes e questionaram, e comentarem e exigirem que ninguém seja deixado tão longe e sem dignidade humana e sem direito a ter um espaço na sua terra e junto dos seus familiares, para que, agora, possam serem devidamente chorados e homenageados.
O PAÍS DEVE DAR O EXEMPLO, COMEÇANDO PELOS CIDADÃOS, PELOS POLÍTICOS, E ACABANDO NO ESTADO.
Este é o meu grito pessoal e apoio incondicional ao autor do email.
Autor Pereira da Costa, ex-Fur Mil , ex-combatente na Guiné.