quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

PICHE (CCS) - A3 - MAJOR CORAJOSO ....!

Caros amigos, sou o Francisco Pereira, ex-Soldado Rec.Info., pertencia à CCS / Bart 2857, sediada em Piche.
Para quem já não se lembra de mim, servia na messe dos oficiais, com o meu amigo Américo, também ex-Soldado Rec. Info., além de outros.
Aqui, vou contar um «episódio dramático», da minha forçada estadia durante 23 meses em Piche, que ficou gravado na minha memória, e enquanto viver, não o esquecerei, tal a brutalidade do acidente e do drama humano que se segui.
O acidente ocorreu quando eu estava de serviço de sentinela do lado da bolanha, no dia 21 de Julho de 1969.
Num momento, virei-me para o lado da bolanha e vi alguém aproximar-se do lado de dentro do arame farpado, que servia de vedação ao Aquartelamento e, de repente, sem que eu pudesse perguntar-lhe porque razão ele passava ali, já tinha saltado a primeira fiada de arame farpado e, foi no momento que ele percorria o espaço que separava a primeira da segunda fiada de arame farpado, que provocou uma enorme explosão, nesse instante, já eu ia nessa direcção, mas, ainda estava um pouco distante.
Imediatamente, fui a correr para o local para ver quem era e para lhe prestar socorro.
Quando cheguei ao local, nem queria acreditar naquilo que os meus olhos estavam a ver, tratava-se do Loureiro ex-Fur Mil (vaguemestre); encontrava-se com o corpo da cintura para cima no chão e o que restava das suas pernas, enroladas no arame farpado; tentei desenrolar as peles que restavam das suas pernas, para evitar que não sofresse tanto, atendendo à posiçãO em que ficou, o que consegui.
Como ele viu que eu estava com uma G3, a arma de serviço, não dizia outras palavras senão estas:«Pereira, tens uma arma mata-me. Dá-me um tiro na cabeça porque eu não quero continuar a viver sem as minhas pernas ».
Entretanto, começou a chegar mais gente, e começamos a levantá-lo para o retirar da posição e do local onde ele estava, mas com muita precaução e com medo que houvesse mais alguma mina, e que rebentasse.
Sim meus amigos, minas mandadas colocar pelo nosso Segundo Comandante Major Gaspena, um homem muito corajoso, que para se proteger do inimigo não encontrou outra solução senão armar uma ratoeira para que lá caíssem os seus subalternos, prova essa que mandou armadilhar a vedação, e devia ter avisado todo o pessoal o que não o fez; nesse local, o nosso amigo e camarada ex-Fur Mil LOUREIRO não teve sorte, porque nesse dia teve a ideia de ir dar um passeio até às tabancas, que se situavam do lado da bolanha e, como não estava ao corrente de que essa vedação se encontrava armadilhada, passou pelo local para encurtar caminho, mas, infelizmente, lá deixou uma das coisas que nós temos de mais precioso foram, como as suas pernas. Assim ficou mutilado para toda a vida, por culpa desse «Incompetente », Major corajoso ...!
Depois desta tragédia foi interrogado sobre a razão da colocação das armadilhas e da razão porque não fora avisado todo o pessoal?
Ou que respondeu que tinha agido muito bem, porque caso não o tivesse feito, o inimigo poderia vir a saber e já não passava por lá. Foi tranferido (para onde, nunca o soube) e que tinha sido condenado em vinte dias de prisão. Pouco para quem foi responsável por uma acção desta gravidade.
Para mim, foi o episódio, de todos, o mais terrível de suportar, só de pensar que fui testemunha desse «Acidente!» e que fui impotente para o evitar; mas já era este o destino do ex-Fur Mil LOUREIRO.
Há dias soube que este nosso amigo e camarada tinha falecido. Onde ele estiver, digo-lhe em pensamento «Descansa em paz, amigo LOUREIRO ...».
Quero, ainda, acrescentar que se esta minha «Trágica Estória» venha a chocar algum dos nossos leitores e camaradas, não foi esta, deveras, a minha intenção, simplesmente, recordar a sua memória, pois agora já não pertence ao reino dos vivos, e peço desculpa por isso.
Em relação a esse corajoso Major ...!, ainda tenho mais episódios para recordar e contar, mas fica para outra ocasião.
Um abraço, Francisco Pereira.



«Este episódio foi dedicado a toda uma sua família e, especialmente, em sua memória. Paz à sua Alma, ex-Fur Mil LOUREIRO »

Francisco Pereira, ex-Soldado Rec Info CCS / Bart 2857, em Piche
França

«Fur Mil n. º 01908866, Carlos Alberto Loureiro da Silva, evacuado para o HMP, em 21 de Julho de 1969, devido a um acidente.

Extracto História da Unidade do Bart 2857


O moderador presenciou e foi interveniente como escrivão, desse acidente em termos de disciplina militar, não se recorda nem transportaria para esta estória as transcrições do Processo. O Francisco Pereira limita-se a transcrever o que viu, sentiu, e se disse, como é normal nessas oasiões.
Contudo, posso afirmar «que a razão da colocação da armadilha, 100 gramas de TROTIL, sob uma tábua, era unicamente para assustar!, Uma vez que o arame farpado sem se encontrava flexível sem condições de segurança, em virtude, de ser hábito da População utilizar essa passagem, mais directa para a bolanha, local onde lavavam as roupas, caso contrário teriam, de dar uma volta a mais de metade do Aquartelamento, e ficava muito longe e demorado. É, igualmente, verdade que foram avisadas unicamente as Praças, no refeitório, nos dois turnos do jantar, cujo não era no mesmo local do dos Oficiais e Sargentos, não tendo sido estes, efectivamente, avisados. A colocação da armadilha foi da autoria do Comandante do Pelotão de Sapadores ex-Alferes Sapador de Infantaria Vicente Mota, exclusivamente, por ordem e responsabilidade do Segundo Comandante ex-Major Gaspena, e temos que concordar que não existiu o mínimo de sangue frio de bom senso ... deplorável e lamentável.



Pereira da Costa, ex-Fur Mil Oper Info CCS / Bart 2857, Piche
Administrador e Moderador do Blogue «Bart 2857»
Abates ao Efectivo, CCS / Bart 2857
Major de Artilharia CARLOS ALBERTO DA SILVA CASTRO GASPENA, abatido ao efectivo, desde 02MAR70, inclusive, por lhe ter sido dada como terminada, a sua comissão de serviço na CTIG.

Punições, CCS / Bart 2857
Major de Artilharia CARLOS ALBERTO DE CASTRO SILVA GASPENA, punido com 20 dias de prisão disciplinar agravada, por SEXA GENERAL COMCHEFE, em 03FEV70

Extracto da História da Unidade do Bart 2857
   


quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

HISTÓRIA DA UNIDADE BATALHÃO ARTILHARIA 2857 (Parte I) - Mobilização, Composição e Deslocamento para o C.T.I. da Guiné


(1) MOBILIZAÇÃO, COMPOSIÇÃO E DESLOCAMENTO PARA O CTIG
    
     O Batalhão de Artilharia n.º 2857, que viria a ser destinado ao Comando Territorial Independente da Guiné, teve como Unidade Mobilizadora o Regimento de Artilharia n.º 5, em Penafiel.
    
     A apresentação dos seus elementos naquela Unidade iniciou-se com a do seu Comandante em 16 de Junho de 1968, e a Instrução de Especialidades e Escola de Cabos decorreram, com razoável nível de aproveitamento, de 8 de Julho a 24 de Agosto. Nesta data terminou o Batalhão a sua estadia em Penafiel e a partir de 26 de Agosto começou a concentrar-se em Viana do Castelo. Aqui, até 31 de Agosto, com a apresentação de elementos que faltavam, completaram-se os Quadros das Especialidades e organizou-se o Batalhão, que ficou instalado no Forte de Santiago da Barra, anexo ao Batalhão de Caçadores n.º 9. 
    

Forte de Santiago da Barra

     Constituído pelas Companhias de Comando e Serviços, Cart 2438, Cart 2439 e Cart 2440, a sua Instrução de Aperfeiçoamento Operacional decorreu de 9 a 28 de Setembro, procedida de 2 a 7 do mesmo mês, por uma Escola Preparatória de Quadros. O rendimento alcançado foi razoável, mas bastante prejudicado pelo mau tempo.
    
     Entrou-se no período de licenças das NAPPU no dia 30 de Setembro, e, como fosse adiada a data de embarque, teve lugar, a partir de 10 de Outubro uma 2.ª Parte de I.A.O., esta com bons resultados.
    
     Em 30 de Outubro, a fim de organizar a recepção do Batalhão, partiram de Lisboa, por via aérea, para a Província Ultramarina da Guiné, e desembarcaram em Bissau no dia imediato os seguintes elementos:

             Tenente-Coronel Artilharia - José João Neves Cardoso
             Capitão Artilharia             - Orlando dos Santos Dias
             Alferes Miliciano Graduado - Joaquim Manuel Neiva Rosendo
             Alferes Miliciano Graduado - Nelson Jesus Vieira da Fonseca
             Alferes Miliciano Graduado - Victor José Monteiro Gouveia
             Alferes Miliciano Graduado - António Manuel Duarte Domingues
             2.º Sargento Clarim          - José Alberto Simas da Silva
             Furriel Miliciano Graduado  - Henrique Manuel F. Figueiredo Pinho
             Furriel Miliciano Graduado  - Luís Augusto Marques
             Furriel Miliciano Graduado  - Elmano Rodrigues Ferreira
    
     Nos dias 6 e 7 de Novembro realizaram-se as cerimónias da despedida do Batalhão, em Viana do Castelo. Constaram estas, no primeiro daqueles dias, de uma sessão recreativa e de convívio no Teatro Sá de Miranda, a que assistiram autoridades civis e militares, uma delegação do Batalhão de Caçadores n.º 9, e familiares de alguns elementos do Batalhão; no segundo dia, de missa na Igreja de S. Domingos, Benção dos Guiões e Desfile. Em formatura, no Quartel de Santiago procedeu-se à entrega dos Guiões às várias Companhias, e á distribuição de prémios àqueles que mais se tinham distinguido durante a Instrução. Seguiu-se um almoço de confratenização das Praças a que assistiram alguns familiares bem como todos os Oficiais e Sargentos. Também, em Restaurantes da cidade, se realizaram almoços de confratenização de Oficiais e Sargentos.

     Partindo de Viana do Castelo no dia 8 de Novembro pelas 21H00, e viajando em combóio especial, chegou o Batalhão a Lisboa, ao Cais da Rocha de Conde de Óbidos, cerca das 07H00 do dia 9. Procedeu-se então ao embarque das bagagens para o Paquete «UÍGE», findo o qual foi servida a primeira refeição. Depois de algum tempo concedido para despedidas particulares, organizou-se a formatura geral, sendo distribuídas lembranças por delegadas do Movimento Nacional Feminino. Após as alocuções em que usaram da palavra o representante de Sua Excelência o Ministro do Exército e o Comandante das Forças embarcadas, procedeu-se ao desfile e embarque.

     O Batalhão de Artilharia n.º 2857, constituído na sua maior parte por elementos provenientes da Metrópole e Ilhas Adjacentes, ia partir.

     Cerca das 12H00 o Paquete «UÍGE» largava de Lisboa rumo à Madeira. No Funchal foi permitido o desembarque podendo assim, as tropas embarcadas, visitar a Ilha durante algum tempo. Para que tudo se processasse sem incidentes, constituiram-se grupos de Praças que foram acompanhados por um Graduado durante a sua ausência do navio.

     Retomada a viagem viria a terminar ao fim da tarde de 15 de Novembro com a chegada a Bissau. A vida a bordo decorreu em bom ambiente e ordem impecável, tendo sido frequentemente organizados vários passatempos: sessões de cinema, jogos, etc.

     Fora entretanto recebida a seguinte mensagem: «SEXA CML SOLICITA VEXA DIGNE TRANSMITIR COMANDANTE FORÇAS EMBARCADAS SEU APREÇO APRUMO PRONTIDÃO FORÇAS FORMATURAS DESFILE EMBARQUE».

     Á medida que foi sendo levado a cabo o desembarque, foram as Companhias do Batalhão, transportadas em viaturas para o Depósito de Adidos de Brá, onde, em barracas de campanha, ficaram instaladas até à sua deslocação para os respectivos destinos.


      

    
           
          


    
Depósito de Adidos em BRÁ


(continua)

sábado, 9 de janeiro de 2010

PICHE (CCS) - A2 - Olá João. Eu sou o Francisco Pereira ...

Caro Francisco Pereira Acabou o suspense aqui vai a minha fotografia daquela altura.
Furriel Pereira da Costa de Operações e Informações.
Claro que todos os dias ia à messe dos oficiais e lá estavas tu, com o Américo e Julgo que um cabo que se chamava Aires e que faleceu durante um ataque. Estarei a fazer confusão?! Se eu tiver razão o dia da sua morte vem-me muitas vezes à memória, pois estava de serviço ao Batalhão e como fui o último um jantar, conversamos sobre o nosso regresso e, especialmente, da sua família. Mostrou-me as fotografias dos filhos. Peço-te desculpa, desse nunca mais vou esquecer uma sua cara. Julgo que terei alguma fotografia dele. También de todos, pois recordo-os muitas vezes naquele tempo. Quem nos dera voltar a esses tempos de amizade e solariedade.
Olha rapaz um dos meninos magros que estão na fotografia da Madeira é o mesmo que está na confratenização, o do meio, que é o Furriel Caetano que era de Reconhecimento e Informações. Já tinhas dado por isso. Está bem aviado de gordura.
Mais um abraço do amigo Pereira da Costa.
Alguma vez aos almoços vieste do Batalhão. Se a resposta for não um dia destes vais ter uma surpresa, pois vamos publicar o filme de um desses almoços e sempre quero ver se reconheces alguns dos rapazes que estão lá. 








sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

PICHE (CCS) - A1 - Olá João. Eu sou o Francisco Pereira ...

Olá João, eu chamo-me Francisco Pereira, estive em Piche de 68 a 70, e pertencia à CCS.
Era quem eu servia na messe dos oficiais ... eo Américo, também Claro que tu fazias parte ... não te lembras de mim?
Cá espero pela resposta tua ... envio um grande abraço
Caro João, envio-te algumas fotos minhas para veres se conheces alguém.
Na primeira, eu sou na portas de Armas, na segunda, sou eu, eo meu amigo Américo, e nas outras estão alguns furriéis, vê se algum deles és ...
Quanto ao Américo, ele está longe de mim, eu vivo em França, e ele em Portugal, e internet não tem.
Se quiseres o número de telefone é só dizeres.
Se quiseres mais fotos para publicares breve, em que enviarei.
Um abraço amigo, e até breve.


Caro amigo Francisco Pereira, claro que me lembro de ti, mas só pela fotografia daquele tempo. Mudamos muito, uns mais do que outros. A vida é assim. Não vou publicar, agora, mais nenhuma fotografia que mandaste, e vou deixar-te ainda em suspense, para me reconheceres.
Quero dizer que não desta mensagem final, existe um campo que diz «comentários», se clicares, podes escrever tudo o que quiseres, em resposta ao que foi escrito, lido e tu tiver quer. Pretendo que escrevas o teu nome e endereço, assim Como os nomes de alguns que estão nas fotografias. Escreve também o nome, endereço e contacto do Américo, para o nosso ficheiro.
Até breve, fiquei muito contente. Assim o nosso bloque esta é aumentar uma, que outros o vejam, ficarão incentivados com o que já começam a ver. Manda tudo o que quiseres algum episódio e conta que lá se tenha passado para recordarmos. Envia uma fotografia de ti de agora um pouco maior, para apareceres mais visivel. Um abraço Pereira da Costa.


domingo, 3 de janeiro de 2010

P2 - CONFRATERNIZAÇÃO DO BART 2857 NO 39.º ANIVERSÁRIO DO REGRESSO DA GUINÉ

Caros amigos concerteza que se lembram destes senhores que estiveram na Confratenização do Bart 2857, no seu 39.º Aniversário que regressamos da Guiné.
Foi em Viseu no dia 17 de Outubro de 2009.
Digam lá os seus nomes !


Da esquerda para a direita 1.º Cabo PEDROSA (aux.ser.relig), Furriel CAETANO (rec. info) e 1.º Cabo ROCHA (trams)



sábado, 2 de janeiro de 2010

P0 - EXCELENTE ANO NOVO 2010

Caros amigos e Camaradas
 do Batalhão Artilharia 2857 - Guiné - Nov 1968 a Out 1970

Votos de um ´Próspero Ano Novo com muita saúde e todas  as felicidades do Mundo